segunda-feira, 27 de julho de 2009

Recursos são liberados mas não beneficiam locais atingidos pelas chuvas


O Ministério da Integração Nacional liberou, este ano, R$ 26.308.088,29 em recursos federais para que a Prefeitura Municipal de Salvador minimizasse os efeitos das chuvas ocorridas em maio, quando o estado de emergência chegou a ser decretado pelo governo estadual. Mas, quatro meses depois, bairros periféricos de Salvador ainda esperam pelo início das ações previstas.
A verba liberada pelo governo federal é apenas parte do total de R$ 71.244.067,87 em convênios. O objeto da parceria com o município é o restabelecimento da normalidade nos cenários de desastre, a aquisição e utilização de equipamentos em recuperação da infraestrutura urbana, auxílio à moradia e ações preventivas. Contudo, na periferia, locais onde foram registrados deslizamentos de terra permanecem inalterados, sem sinais da intervenção efetiva do município.
Diferença – Longe do que acontece no Imbuí – onde as obras de macrodrenagem exigirão o investimento de R$ 17,5 milhões, segundo a prefeitura –, no bairro de Pirajá, área onde três pessoas morreram soterradas, nada foi feito até agora. No local, o mato cobre de verde a encosta que desabou sobre residências que ficam abaixo do Conjunto Residencial Portal de Pirajá. “Nada mudou. Tudo continua na mesma”, disse Iracema Alves dos Santos, testemunha ocular da tragédia. “No dia seguinte ao desabamento, uma máquina veio retirar uma pedra grande, que corria o risco de cair também. Ninguém mais apareceu por aqui depois disso”, afirmou.
A falta de ação da prefeitura também é registrada em bairros do subúrbio ferroviário. A expectativa frustrada dos moradores de Pirajá é a mesma dos que moram em Praia Grande. Lá, onde as encostas permanecem oferecendo risco aos moradores e reforçando a lembrança dos deslizamentos, a situação exigiria a aplicação de parte dos R$ 11.000.000,00 destinados ao restabelecimento dos cenários de desastre. “O plástico preto, única coisa que a prefeitura deu, foi colocado por nós mesmos”, diz D. Ana Santos, que ainda tem o quintal totalmente coberto pela terra da encosta. “E nós que tivemos de ir lá buscar”, disse.
Perigo – O risco observado em tais situações fica mais evidente em Mirantes de Periperi, onde parte da Ladeira do Curió foi recuperada graças ao trabalho dos moradores. No trecho onde houve o deslizamento de terra, que arrastou parte da pista de asfalto, o plástico colocado pela prefeitura dá sinais de desgaste e o perigo de novo desabamento é claro. “As pessoas e os veículos eram obrigados a passar na beira da cratera. Por isso, fizemos um batente para dar maior proteção”, explicou Robson Carvalho, que também só viu a Codesal no dia seguinte à ocorrência. “Vieram tirar as manilhas e colocar a cobertura”, assinalou. O plástico preto está ali há quatro meses.

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